domingo, 10 de abril de 2011

E dói de mansinho esse amor por você.
E rasga as entranhas em um vermelho denso manchando nosso quarto de incertezas e um quase adeus.
Chorei por você duas lágrimas. E no meu peito um rio de amargura, insensatez e desilusão.
Qualquer impulso seu hoje me faz doer, e toda doce lembrança de nós são meros acasos percorrendo uma saudade que já não ousa brilhar. Soluça em prantos. E o canto da vitrola já não sorri os meus olhos e inquieta tudo que antes era bem querer.
Seus resquícios caminham comigo pela casa. Impossível que não fosse alado.
E meus olhos marejados insistem em rememorar seu semblante tão vivo ainda na nossa sala, e seu tato tenro e suave em mim.
Fecho os olhos e aceito esse instante. Mas o peito ansia por uma nova palavra, um novo sentimento, e suplica que a música do telefone ao tocar seja Chico dizendo Eu te amo naquele mesmo tom seu, suave e melancólico. Totalmente doce e meu.
Mas não era você. Aquele som não cortejava o encantamento.
Hoje sou pra você, apenas esquecimento. A doce tristeza dessa tarde fria de Outono
Fecho então a janela, não quero ver o tempo passar.
E em silêncio, aquieto o peito, sussurro suas últimas palavras de amor, e espero amanhecer.
Para que os novos ventos espalhem essa dor que nunca saberei desenhar...