terça-feira, 29 de julho de 2014

Pode fechar a porta.
A janela, a alma, o coração.
Não há mais o que envolver.
O que entregar.
Pode conservar o amor,
Caso queira.
Mas esconda por trás dos seus olhos
E brinque de esquecer.
Não quero mais te pertencer,
Sentir o gosto, tocar o corpo, chorar suas lágrimas...
Não quero mais a explosão no peito,
As cartas com suavidade e beijos
Nem os discos de vinil no meu quarto.
Feche a retina.
De repente já é tarde,
Mas a vida passa
E até onde vai a dor?
Chorei todas as angústias com seu nome,
E inventei palavras para te salvar.
Criei destinos certos, capazes, felizes.
E hoje aqui estou, incerta!
Sem pressa de (re)viver.
Interditada numa almofada de canto,
E salivando uma saudade que não ensaiei.
Sim, é tarde.
E a vida está gritando aos meus ouvidos.
Não posso inundar a casa de ausências,
Nem te conservar vestido de nada.
Ser inerte não me cabe,
Mas quero me doer um pouco mais
Só até o sol nascer,
Para o meu coração ascender,
E dentro de mim causar um bom tempo.

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